Representados por duas associações de magistrados, os juízes do tribunal fluminense protestaram, na manhã da última quarta-feira (17), contra o que chamaram de “cobranças excessivas” da corte. Nas palavras da presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra-1), Daniela Vale da Rocha Muller, dirigidas ao corregedor regional do tribunal, desembargador Marcelo Augusto Souto de Oliveira: “não podemos dar mais, como exige o corregedor”. Ainda segundo a togada, “o ano de 2023 registrou um volume de licenças médicas jamais observado. Patologias psíquicas (CID-F) passaram de 202 dias em todo ano de 2022 para inacreditáveis 1.192 dias no período de janeiro a agosto de 2023.”
O protesto foi realizado durante o XIV Fórum de Gestão Judiciária do TRT-1, espécie de curso de formação virtual, computado como horas de treinamento para magistrados e servidores. Como manifestação de desagrado pelas tais “cobranças”, juízes substituíram seus nomes na tela pela expressão “Respeito ao 1º Grau”, enquanto outros simplesmente desligaram suas câmeras de vídeo durante a fala do corregedor.
É no mínimo bizarro presenciar reclamações de juízes por suposto excesso de trabalho, quando todos sabemos que a morosidade é vício “clássico” do nosso judiciário. Mais bizarro ainda é pensar na discrepância entre um setor privado, balizado pelo cumprimento de metas de desempenho e normas de compliance, e o aparato togado estatal, cujos membros se queixam da mera obrigação de realizar seu trabalho. Juízes brasileiros não costumam ser muito afeitos a avaliações e controles. Afinal, eles têm “seu próprio tempo”.
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