Na manhã desta quinta-feira (8), a polícia federal desencadeou a Operação Tempus Veritatis contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, no âmbito das investigações em torno dos atos de vandalismo do 08.01. Bolsonaro ainda foi alvo de medidas cautelares, como a ordem de entrega do passaporte às autoridades nas próximas 24 horas. Ao todo, foram cumpridos 37 mandados de prisão, busca e apreensão em nove estados e no Distrito Federal.
Os outros alvos da PF hoje foram os ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres e Paulo Sérgio Nogueira, o ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara, os ex-assessores Filipe Martins, Tercio Arnaud Thomaz, e Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL em cuja sede também foi realizada busca e apreensão. Na lista de militares de alta patente também alvejados, constam o almirante Almir Garnier Santos (ex-comandante-geral da Marinha que se recusou a participar da posse do presidente Lula), o general Estevan Teóphilo Gaspar de Oliveira (ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército), e o coronel reformado do Exército, Ailton Barros. De acordo com informações já divulgadas, Câmara e Martins teriam sido presos nesta manhã, assim como militares da ativa coronel Romão Correa Neto e major Rafael Martins de Oliveira.
Segundo nota divulgada pela PF, a operação visou “apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República (Bolsonaro) no poder.” Ainda conforme as autoridades policiais, os núcleos vistoriados se dividiriam em dois eixos de operação: o primeiro atuaria na “construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação”, e o segundo na prática de “atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.”
Do pouco que se sabe sobre mais essa “operação”, já se pode tecer alguns comentários. Parcela dos alvejados não dispõe mais de prerrogativa de foro, razão pela qual não poderiam constar de uma investigação em curso no STF. Até onde se saiba, as pessoas hoje “visitadas” pelos policiais não foram vistas durante as depredações do 08.01, muito menos realizando manobras militares organizadas (que não houve). Também até onde informado pela própria PF, muitas das “suspeitas” que recaem sobre os alvos dizem respeito a uma “propagação de versões” e à “disseminação” de narrativas, ambas compreendidas no plano da mera retórica: mais uma vez, vê-se a tentativa de criminalização dos chamados “delitos de opinião”, característica primordial de regimes de força.
Situação muito preocupante, talvez marco efetivo da abolição do Estado de Direito. Maiores informações a qualquer instante.
Fonte: Gazeta do Povo
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