Após a manifestação do último domingo (25), na Avenida Paulista, a Polícia Federal cogita da inclusão do pastor Silas Malafaia no inquérito sobre uma suposta trama golpista arquitetada pela ex-presidente Bolsonaro e por seus aliados próximos. Para as autoridades policiais, o líder religioso pode estar envolvido em “obstrução do inquérito sobre o golpe”, e, ainda, em incitação dos presentes contra membros do Judiciário, com base em “premissas infundadas”.
Foi essa a notícia veiculada pela jornalista Bela Megale em O Globo desta segunda-feira (26). De acordo com a matéria, “a análise dos investigadores indica que, por meio do financiamento do evento e de suas declarações, o pastor teria disseminado informações falsas entre parte da população, com o objetivo de incitá-la contra a investigação de uma suposta organização criminosa que teria tramado o golpe.” Segundo a jornalista, a PF teria passado um “pente-fino” nos discursos proferidos no evento, e teria avaliado que Malafaia “pagou para ver ao subir o tom contra o Supremo.”
Contrariamente às “relativas”, as democracias absolutas são o espaço livre onde indivíduos podem criticar uns aos outros, sem medo de serem alvo de mordaça prévia, ou de virem a ser retaliados por um eventual “pente-fino” do censor de plantão. Quer se concorde ou não com o teor da manifestação de Malafaia, certo é que ele fez uso da sua liberdade opinativa, diante de um público ao qual cabe decidir se concorda ou discorda de suas falas, no todo ou em certos ou determinados trechos. Vivemos mesmo em um Estado policialesco, onde o direito constitucional à livre opinião já foi jogado no lixo, e onde qualquer “ai” de desagrado ao establishment pode servir de pretexto à abertura de investigações kafkianamente ilegais.
Fonte: O Globo
Compartilhe



