Em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (11), o ministro Gilmar Mendes, do STF, explicitou sua oposição à anistia aos detidos em razão dos atos do 08.01. Segundo o togado, “muitos imputam ao ex-presidente uma falta de solidariedade. Jogou essa gente na fogueira e foi para Miami. Então me parece que foi um tipo de mensagem para movimentar o seu establishment político, no sentido de ‘vamos ter uma bandeira de anistia’ não para os autores intelectuais, mas para aqueles pequenos que foram envolvidos nisso. Não tem cabimento anistia em relação a isso.” Ainda segundo Gilmar, “a gente sempre desconfia. Na verdade, nós desconfiamos de que algo estava a ser gestado quando defendemos o inquérito das fake news, em 2019, de que algo de ruim poderia vir.” E concluiu, afirmando que: “os 2 [atos de] 7 de Setembro [Proclamação da República] anteriores foram extremamente graves, agressivos. Ali já se ensaiava.”
Como de praxe em se tratando da cúpula judiciária e, mais especificamente, desse ministro, mais um banho de desrespeito à institucionalidade e aos seus deveres de ofício. Como os casos envolvendo o 08.01, assim como o exame das condutas de Bolsonaro ainda se acham sub judice, Gilmar jamais poderia ter se pronunciado a respeito, muito menos em público, em uma das emissoras de maior alcance nacional. Da mesma forma como teria a obrigação de ter mantido o silêncio em relação a uma eventual anistia, por tratar-se de objeto de um projeto em curso no legislativo. Porém, Gilmar não apresenta qualquer reverência diante do princípio constitucional da separação entre os poderes.
Quanto à sua alegada “desconfiança”, eis aí mais um desvio crasso de sua função pública. Togados não são mantidos em seus cargos para “desconfiarem” de coisas futuras, em juízos apriorísticos e repletos de irregularidades, mas para examinarem fatos pretéritos, dentro dos autos e segundo a legislação vigente.
Enquanto isso, esse mesmo juiz não hesita em usar a toga em benefício de clientes de seus parentes, e de seus comensais habituais em eventos de luxo. Retrato grotesco da nossa elite judiciária.
Fonte: Poder 360
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