Congressistas da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional (FPE) reagiram à fala do ministro Gilmar Mendes, do STF, sobre a suposta existência de uma “narcomilícia evangélica” no Estado do Rio de Janeiro. Em entrevista à GloboNews na última terça-feira (12), Gilmar havia dito que “o ministro Luís Roberto Barroso presidiu uma reunião extremamente técnica sobre essa questão, e um dos oradores falou de algo que é raro ouvir: uma ‘narcomilícia’ evangélica, aparentemente no Rio de Janeiro, onde se tem um acordo entre narcotraficantes e milicianos pertencentes ou integrados a uma rede evangélica.”
Questionada pela Gazeta do Povo, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) foi enfática: “espero que esse julgador, na Suprema Corte, tenha entregue as provas. Eu espero que a Suprema Corte investigue. Porque dentro do segmento evangélico não existe narcotráfico. O povo evangélico é o povo da paz, o povo da cruz, que ama essa nação. Se por acaso houver alguém que tenha se envolvido com o tráfico, que essa pessoa seja investigada e que vá para a cadeia.” Na mesma toada, o senador Magno Malta (PL/ES) indagou, em plena sessão da CCJ, “com base em que, ministro? Dê os nomes de quem são os evangélicos traficantes. O senhor deve um pedido de desculpas a essa nação cristã, de evangélicos, de homens e mulheres […] Dê nome, ministro. Quem são os narcotraficantes evangélicos? Quem são os pastores?”
Já a Frente Parlamentar Evangélica, em nota publicada na última quarta-feira (13), se manifestou no sentido de que “tal afirmação, mesmo que dirigida a um estado da federação, além de difamar a instituição da Igreja Cristã Evangélica, sugere a incriminação e desvalorização do relevante serviço religioso prestado por cerca de 70 milhões de brasileiros em todo o território nacional.”
Dentro do próprio Supremo, o ministro André Mendonça classificou como “grave, discriminatória e preconceituosa” a fala do colega. “Posso afirmar, com muita segurança, que se há uma rede evangélica nesse país, ela é composta por mais de um terço da população, a qual se dedica sistematicamente a prevenir a entrada ou retirar pessoas do mundo do crime, em especial aqueles relacionados ao tráfico e uso de drogas, que tanto sofrimento causam às famílias brasileiras”, disse Mendonça.
Temos de repetir à exaustão: togados não são comentaristas do cenário político-social. São servidores de cúpula, que, mais que todos os outros, têm de se ater às suas funções institucionais, e resumir sua atuação ao julgamento de casos concretos, ou, no máximo, à transmissão de conhecimentos acadêmicos. Porém, nos atuais dias de “democracia relativa”, intervêm em todos os assuntos, falam o que bem entendem, e fazem tudo conforme seu desejo, sem os freios da Constituição, das leis ou dos outros poderes.
Fonte: Gazeta do Povo
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