Condenado a mais de 400 anos de prisão em inúmeros processos por corrupção grossa, o ex-governador do Rio Sergio Cabral festejou recente decisão do ministro do STF, Edson Fachin, de anulação da condenação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, com base no entendimento de que o caso deveria correr na Justiça Eleitoral, e não na Federal. A exemplo de Vaccari, a defesa de Cabral, em reclamação protocolada no Supremo e distribuída à relatoria do ministro Gilmar Mendes, também havia sustentado que a Operação Calicute, conduzida pelo juiz federal Marcelo Bretas, se referia a crimes eleitorais (doações de campanha da empreiteira Andrade Gutierrez), razão pela qual o caso deveria ter ser examinado por juízes eleitorais.
Assim, Cabral acaba de apresentar a Mendes o “caso Vaccari” como reforço a seus argumentos sobre o que teria sido uma “indevida” atuação de Bretas no assunto. Porém, na época, as inúmeras condenações de Cabral haviam sido mantidas pelo próprio TRF2 (tribunal de recursos contra decisões de juízes federais, incluindo Bretas), o que já teria sido mais que suficiente para corroborar a competência de Bretas para a apreciação do caso. No entanto, no atual período de “anomalia institucional”, fatos relevantes como este serão esquecidos. Como também serão esquecidos o reconhecimento de culpa de Cabral perante Bretas, e o “estranho” arquivamento, por parte de Gilmar, de inquérito sobre supostas fraudes envolvendo a diretoria da Fundação Getúlio Vargas, reveladas em trechos da delação do próprio Cabral.
Vivemos o culto ao esquecimento das tenebrosas transações arquitetadas por nossos figurões.
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